sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Debatendo sobre Direitos Autorais a partir de comentário do F.F. Coppola


             O Coppola deveria ter feito como o Terrence Malick: realizado suas obras-primas (Poderoso Chefão, ApocalipseNow) na década de 70 e se retirado de cena pra curtir a majestade. Mas não, ficou fazendo cada coisa estapafúrdia (Peggy Sue, Vidas Sem Rumo, etc.) e ainda tocando o negócio do vinho, deu nisso... ta um velho gágá, falando obviedades como o que desencadeou a remuneração direta do artista (que não por acaso está associado ao nascimento da industria de exibição cinematográfica). Ora, todos nós sabemos que antes havia a figura do mecenas (burguesia) e mais antes ainda a figura do estado/igreja, e só, era algo restrito, para poucos. Foi a revolução industrial que, como em todas as outras atividades econômicas da vida, possibilitou uma grande quantidade de recursos para variadas classes de trabalhadores (daí que alguns teóricos sociais chamaram isso de sociedade de classes), incluindo aqueles que eram classificados como artistas, principalmente atores, por causa de sua centralidade e identificação na obra cinematográfica; foi a partir daí, incluindo a sua organização em sindicatos – mais industrial que isso impossível - que surgiu e se desenvolveu não só a remuneração para artistas, mas também as fortunas para os mesmos, tendo em vista os altos ganhos de circulação que a obra cinematográfica tinha e – apesar de toda a digitalização e “pirataria”, ainda têm.
       A indústria cinematográfica é que catapultou todas as outras atividades ligada a criação, basta pra isso verem a evolução da indústria do disco/gravação, que se beneficiou decisivamente das inovações do processo de áudio para a 7ª arte. Mas eis que inventaram um negócio de informática, associaram às telecomunicações, liberaram para todos os cidadãos “comuns” e surgiu a internet, da mesma forma que o motor que fez girar as primeiras linhas de produção industrial, veio repentinamente e se consolidou rapidamente: uma revolução. E naturalmente num novo ambiente novos modelos de negócio são necessários, o velho só se sustentará por força econômica/estatal (vejam a briga inglória dos estúdios Disney com o seu Mickey), mas apenas enquanto uma outra força de produção não lançar novas bases de remuneração abrangente, o que pode estar prestes a nascer nos escritórios do Google, do Facebook, da Amazon, da Apple (tinha que ter uma empresa brasileira, não é mesmo?... que pena!), por exemplo.
       Observem o fenômeno de captação de recursos através das redes, crowndfunding, a mobilização social para determinadas causas (a WIKIPÉDIA, lembra?)... Existem hoje possibilidades de remuneração nunca antes existente para aqueles que são criativos, mas o sujeito tem que entender que o Copyright pertence ao mundo industrial, analógico, e não ao mundo digital, de todos em rede, da livre circulação do conhecimento... século XXI, entende?! O mais importante: sujeito que quer ganhar dinheiro nos dias atuais com sua arte deve sim mobilizar os iguais, etc., mas entender que formar sindicato não irá ajudar em nada, talvez até formar uma sociedade arrecadadora de direitos autorais ou se filiar a uma seja inócuo, mais importante seria trabalhar para o desenvolvimento de software de rastreamento de sua obra e a computação de visualizações no ambiente virtual (ou pagar alguém para monitorar isso), e a partir daí trabalhar a monetização disso no mundo real.
       Então, quando o Sr. Coppola fala que talvez artistas não deveriam ou precisariam ganhar dinheiro ele diz isso do alto de sua produção vinícola, não tem sustentação nenhuma com a realidade; e quando ele questiona que a arte não custa dinheiro é porque a demência está avançada e seria necessário camisa-de-força, para o bem da tranqüilidade social.      

Gil na polêmica do creative commons

no blog do Luis Nassif 
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