sexta-feira, 15 de maio de 2009

O CINEMA ITALIANO (E ITALOAMERICANO)



Foi interessante saber que no início o cinema italiano (junto com o francês) era o mais visto do mundo. E eu suspeito que na verdade eles ainda não perderam este posto. Se tomarmos como referência toda a influência da cultura italiana para a 7ª arte, como também a competência dos diversos profissionais do setor que trabalham em seu país ou/e pro cinema de Hollywood, teremos que admitir a permanência desta “supremacia itálica”, se não em números, pelo menos em parâmetros estéticos.

Grandes filmes e profissionais italianos foram responsáveis cruciais pela consolidação do cinema como o principal meio de entretenimento do século XX. Frederico Fellini, Bernardo Bertolucci, Dario Argento, Roberto Rosselini, Ettore Scola, Sergio Leone, os irmãos Tavianni, Visconti, Antonioni, e todo o pessoal do realismo; mas principalmente – por causa do aporte econômico mais consistente e, os profissionais italoamericanos, como Francis Ford Coppola, Martin Scorsese, Brian de Palma e outros, que com suas obras emocionaram públicos das mais diversas nacionalidades, tornando obras como 8 e 1/5, O último imperador, Suspiria, Ladrões de Bicicleta, Feios Sujos e Malvados, Era Uma Vez na América, Cinema Paradiso, Blow-Up, O Poderoso Chefão, Os Bons Companheiros, Vestida para Matar em referências audiovisuais de influência para todas as mídias atuais e vindouras.

Há algo na obra destes filhos da mama que nos toca profundamente, diferente de outras escolas estéticas o que se sobressai dos filmes deles é algo ambíguo, uma proximidade afetiva intensa, delicada e ao mesmo tempo uma capacidade de criar enredos e/ou desenvolve-los de um modo que criamos empatia com os mais monstruosos protagonistas: nós nos compadecemos com o drama da família Corleone, e nem nos importamos com as vilanias que eles cometem; nós choramos a perda do amigo de um dos bons companheiros, apesar que este que fora morto ter matado e violentado muitos com crueldade ímpar; nós ficamos perplexo com a poesia latente da favela onde feios, sujos e malvados tentam se manter mal e porcamente, ludibriando e extorquindo uns aos outros; nós aprovamos o roubo da bicicleta e torcemos pelo pai-de-família tentando recuperar a ferramenta de trabalho e a sua dignidade diante do filho. Em todas estas grandes obras uma aura poética pela inevitabilidade e conseqüências da tragédia, que certamente deve ser uma herança da dramaturgia grega, que fora sabiamente assimilada pelo império romano naqueles tempos remotos e que até hoje é bem trabalhada pela cultura do povo da velha bota, e que nos serve para nos comover e perceber a sabedoria daquele ditado popular: quem ver cara não ver coração. Também no cinema as aparências enganam.