domingo, 23 de dezembro de 2012

O Fim do Mundo e os Mecanismos de Defesa da Mente




O mundo não acabou, mas a tal previsão maia serviu pra boa parte da mídia ter o que falar neste período de fim de ano onde as notícias ficam escassas em vários temas habituais da sociedade. E serviu também pra mim lembrar da primeira vez
que eu ouvi falar e entendi o significado de um suposto Fim
do Mundo

Sou de família religiosa, evangélica, mas não neopentecostal, menos radical, menos sectária… Nem por isso fiquei livre do infortúnio de ter que receber quando criança a “grata” notícia inverídica de que o mundo iria acabar no ano 2000. Como criança acredita em tudo que lhe é dito - principalmente por um adulto, fiquei decepcionado e assombrado, logo em minha mente veio imagens de cataclismos e lugares desolados, fruto da visão de filmes catástrofes da época que retratava esse fenômeno de destruição mundial como o resultado de uma possível guerra nuclear, algo ainda presente nos anos 1980 devido a União Soviética ainda existir, apesar de estar em pleno processo de abertura capitalista o bloco comunista ainda travava com os EUA a tal da Guerra Fria.

Após essas imagens traumáticas de destruição povoar minha mente e perturbar meu espírito, tratei imediatamente de formular em minha cachola como me livraria desta hecatombe. Na minha imaginação de menino veio de imediato a possibilidade de fugir do apocalipse num foguete, ir pro espaço sideral e de lá esperar a poeira baixar pra retornar a terra são e salvo (se eu fosse minimamente racional não quereria jamais voltar e ter o trabalho enorme de viver num mundo onde outros não produzisse toda a gama de necessidades que um ser humano precisa pra se manter). 



Quanta ingenuidade! A mente sempre encontra mecanismos de defesa, seja lá o que lhe ameaça, e isso está mais presente quando somos inocentes... mas também quando crescemos, basta notar as desculpas que nós adultos inventamos para não resolver aquele problema, pra ir no médico fazer uma consulta sobre aquela dor permanente, ou mesmo desligar um pouco a TV e o radio e ler menos periódicos que trazem em letras garrafais lorotas como essa de que o mundo irá acabar.

Nesses “possíveis” dias derradeiros da humanidade sobre o planeta Terra me veio a mente não o que ocorreria no fatídico dia 21 de dezembro de 2012, mas o que eu deixei de fazer pra ser menos rígido, mais integrado ao todo e relaxado em relação a existência e seu incessante e eterno fluxo mutacional. Apesar de saber que a única coisa certa na vida é que tudo passa por mudanças, sempre me pego em dúvida em relação os caminhos que a vocação nos orienta seguir, temendo infortúnios nas escolhas profissionais e pendendo pra atividades que podem vim a trazer “segurança”, mas jamais satisfação pessoal e alegria no coração.


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