quinta-feira, 30 de julho de 2009

O SEGREDO DA MAIOR BILHETERIA DA HISTÓRIA DO CINEMA


10 anos depois de ter visto este potente filme me ponho em condições de escrever uma crítica, um relato de minha experiência diante da grande obra.
Em 1998 eu estava muito ocupado trabalhando 44 horas por semana como office-boy de um hotel e concluindo o 1º grau no supletivo, e considerava que TITANIC era mais um filme arrasa-quarteirão (e era mesmo! só que tinha ALGO MAIS) feito para idiotas comedores de pipoca e bebedores de refrigerantes em salas escuras que passavam a maior parte do tempo conversando do que fruindo diante da projeção, uma atitude totalmente contrária a minha, que entro num cinema como quem vai a um templo religioso ter algum tipo de contato metafísico.
Achando que era mais um entretenimento de quinta categoria eu achava graça quando via as reportagens na TV sobre as filas diante dos cinemas, as matérias jornalísticas (ou seriam publicitárias?) diabeticamente açucaradas sobre o pintoso par romântico da trama, e diversos trailers promocionais disfarçado de curtos documentários, onde mostravam como fora feito os inovadores efeitos especiais daquele que era mais uma prova para nós tupiniquim de que CINEMA era coisa americana, mais precisamente uma coisa hollywoodiana. E aquilo só piorava a condição de meu ãnima, pois na época eu estava com minhas aspirações artísticas totalmente encobertas pelas necessidades imediatas, me auto-escamoteando, quase convencido que o fazer cinema não era pra um quase-excluído como eu, morador de um país periférico, onde o cinema brasileiro que se produzira e tinha repercussão na época ou era feito por um filho de banqueiro (Central do Brasil) ou por funcionária de alto escalão da Rede Globo (Carlota Joaquina, Princesa do Brasil). Não foi fácil!
Foi este preconceito acompanhado de uma falta de tempo considerável e ainda a proeminente condição de poucos recursos financeiros que me levou a não ir até o cinema para ver aquilo que eu julgava ser mais um entorpecente que a grande indústria cinematográfica do planeta produzira para que incautos cidadãos se esbaldassem e esquecesse por alguns minutos suas vidinhas de classe média, mediana, medíocre, meia-boca. Não ter visto TITANIC na tela grande é uma das coisas que mais me arrependo em termos de apreciação estética.
TITANIC, como grandes produções da história da cinematografia mundial, foi um filme pensado para ser grande, para ocupar espaço vasto, como “Guerra nas Estrelas”, “E.T.”. como tantos outros esta produção também foi desenvolvida para conquistar milhões dementes e corações, em todo o mundo, em todo o lugar onde houvesse a possibilidade de platéia com os recursos para a aquisição dos ingressos. E como estes que eu já citei ele conseguiu o seu intento, só que ele foi o maior, e talvez estas minhas considerações a respeito ajude a compreender o porquê.
James Cameron desenvolveu na sua narrativa a perspectiva de dois gêneros: o romance de época e o filme catástrofe, usando de todos aqueles componentes indispensáveis para o bem-sucedido modelo de negócio da indústria hollywoodiana: o Star System (jovens beldades celebridades encabeçando o elenco) e efeitos especiais que só podem ser apreciadas com melhor deleite apenas os conteúdos produzidos para a mídia CINEMA (a fotografia na telona e o som surround). Nisto ele faz com maestria. Desde o início do filme até o momento onde ocorre o Ponto de Virada para o Clímax do último ato – o choque do navio com a ponta do iceberg, transcorre uma eficiente narrativa de um Out Sider, um bacana que entra de boa no navio, que diferente da letra da música do Herbert Viana - apesar de ter entrado de gaiato, ele não entrou pelo cano (apesar de que ele vai ficar preso em um mais adiante na trama) “se engraçando” com uma moça de “boa família”, ela que está sendo forçada a adentrar num relacionamento a contra-gosto, em nome do bem estar material da família, principalmente da sua mãe (ou era tia?), algo tocante e que poderia render bastante momentos dramáticos, mas que o roteiro corretamente não se atem, visto que o foco do drama ali é outro, Camaron sabe muito bem por onde este rio tem que correr, e ele e seus colaboradores roteiristas souberam dosar, expondo o estritamente necessário sobre a personagem da Kate Winslet.
A partir do momento que o relacionamento dos dois é efetivado, nós temos uma recompensa sensacional: a cópula do casal protagonista é a consumação de um desejo nosso que fora perfeitamente construído pela empatia provocada mais pela situação das personagens em seus contextos do que propriamente a performance das “estrelas”, efeito que poderia ser conseguido com qualquer outro ator e atriz de modesta categoria. Nós ficamos felizes com eles terem se amado, mas a aventura romanesca dá uma pausa aí. Se o filme terminasse aqui poderíamos ter mais uma obra romântica, um draminha até razoável se tomarmos como parâmetro as trocentas porcarias que agente ver por aí. Seria uma aventura lírica tendo o mar como pano de fundo e como cenário o maior navio de todos os tempos. Tenho certeza que a maior parte do público feminino já se daria por satisfeito se os créditos subissem após o choque com o iceberg e o afundamento sem demora da nau. Mas é aí que começa o filme de verdade, não apenas a parte mais dramática e consistente da história, aquilo que fez milhões de pessoas adorarem e propagarem boca-a-boca que o filme era “supimpa!”, mas aquela mais prenhe em signos do nosso inconsciente coletivo.
A parte catástrofe do filme começa com a batida na montanha de gelo submersa, e se desenrola de maneira magistral, com eventos de uma originalidade espantosa, sendo que a principal nos remete a diversos significados, conceitos e paradigmas de um mundo que houve, que há e que ainda teima em permanecer: a divisão e condição material das pessoas pela sua atividade profissional. A partir do momento que percebemos que a população dos subterrâneos (melhor simbologia social impossível) ficou presa em suas dependências tendo a água do mar invadindo velozmente seus aposentos, pondo em perigo e morte eminente todos eles, e ainda a provável escapatória do pessoal lá de cima, dos membros da classe dominante nos poucos botes salva-vida que há disponível, sentimos aquele sentimento de revolta, de insulto, de desejo por um levante, e ele vem, e sabe quem são os heróis deste “Proletariado Uni-vos”? sim, eles próprios. Mal estão recuperados da trepada já embarcam nesta puta empreitada, tomam o partido daqueles “mal-nascidos” e procuram salvá-los, os dois, arriscando suas próprias vidas, arriscando a perda de tudo, inclusive a ascensão social de um, já que a mocinha da trama estava prestes a receber uma espécie de dote se subisse com os sovinas e escapasse compartilhando o conforto e a indiferença da burguesia.
O que mais é necessário para que nos apaixonemos pelo casal? Aqui não é mais uma questão de empatia, pois o que sentimos com a criação desta situação dramática é a mais pura simpatia pelas aqueles jovens “pombinhos” de caráter e atitude, tentando o que aparenta ser impossível. É sensacional! A partir daqui nós iremos torcer pela imortalidade dos mesmos, querendo que vivam felizes para sempre, até mesmo na pobreza e na riqueza, na doença e na saúde, e em tudo o mais que o padre mandar. É a partir deste momento da trama e até o fim que os olhos dos espectadores do mundo inteiro começaram a brilhar radiantemente.
Se já não bastasse estarmos embevecidos com tamanho heroísmo dos protagonistas, ainda temos o deleite de observar uma situação poética das mais lindas na história do cinema: a cena em que os músicos param a canção instrumental no meio do tumulto, vão aos poucos deixando a música para também começarem a correr feito loucos como estão fazendo todos, e de súbito um deles se recusa a ser mais um “maria-vai-com-as-outras” e retorna para o mesmo local da performance e volta a tocar a canção, e logo é compreendido pelos outros músicos, que retornam e voltam a acompanhá-lo na suave melodia, mostrando num só golpe que apesar do perigo eminente o importante é fazermos aquilo que amamos. A arte acima de tudo, era este o significado por trás da encenação. É arrebatador!
Daí por diante agente vai acompanhar a efetividade dos efeitos especiais de um filme catástrofe, potencializada com o fato de que nós estamos torcendo para que o casal protagonista – que a esta altura nós o consideramos seres virtuosos e merecedores das maiores honrarias que por ventura há no mundo daquela época, escape sãos e salvos. Por fim nós não consideramos piegas (pelo menos eu não achei) aquele ato “cavalheresco” da personagem do Leonardo Di Caprio em deixar que a moça ficasse sobre o objeto enquanto ele congelava lentamente. Aliás, esta foi uma das mortes mais “bonitinha” da história do cinema, totalmente correta dentro do contexto do gênero filme de amor, onde o rapaz se despede da amada indo para o outro mundo com um aspecto belo, limpo, quase blasé, algo que importa muito para os gostos médio da mulher ocidental, pois não tenho dúvida que foi esta mesma que impulsionou e fez o natural boca-a-boca para tornar aquele filme a maior bilheteria de cinema da história.
Em pensar que James Cameron era um caminhoneiro… mas não um caminhoneiro qualquer. Ele era um caminhoneiro inventivo que desmontava os motores dos caminhões, e depois foi desmontar as câmaras de vídeo, e depois desmontou esta tragédia histórica, e a transformou neste filme de época fascinante, comovente, alem de ter remontado e incrementado o gênero romântico. A história é recheada de camadas subterrânea de heroísmo, que nos fez ficar hipnotizado pela ação dos protagonistas, muito mais do que pelos efeitos especiais, algo que sobrava no seu insosso e também marítimo “O Segredo do Abismo”, uma ficção-científica que não tinha nenhum segredo, mas um vistoso e explícito fracasso de narrativa cinematográfica.


segunda-feira, 20 de julho de 2009

CENTOPEIA

Ah, esse filme. Vi sua estréia no Cine SESC São Luis, no centro de Fortaleza. Era julho de 2008, e eu estava de volta a capital cearense para dar continuidade a um projeto meu na área de cinema que fora contemplado pelo Fundo de Cultura  do Estado, que havia sido lançado em 2006, teve o tramite burocrático em 2007, e só teve a grana liberada em 2008, quando o projeto que fora aprovado já tinah perdido o seu ímpeto de quando a ideia havia nascido. Isso alem de desrespeito aos produtores é uma calamidade! Deveria ser proibido tamanha demora, mas como o proprio MinC demora cerca de 1 ano pra liberar recursos de projetos tamitados, selecionados, aprovados e com dinheiro empreenhado... não tem como reclamar pois o exemplo da ADM pública maior é uma verdadeira porcaria!

Mas enfim... Fui ver o primeiro longa-metragem de Sci-Fi do Ceará, dirigido por Daniel Abreu

segunda-feira, 13 de julho de 2009

macaquiada a la Lula



O governo lula está formando uma equipe de 5 pessoas especificamente para estabelecer a comunicação pelas mídias digitais (blog, twitter, youtube). Além dos assessores de imprensa que lidam com as mídias tradicionais (jornal, revista, TV, rádio), haverá este grupo pra lidar com estas novas formas de mídia, mas que também são repassadas para os meios móveis digitais (celular, notebook, iPhone, etc.). Um dos grandes motivos para a adoção desta estratégia de comunicação estaria justificado pelo fato de alcançar um público jovem que – supõem, se informa predominantemente por este meio. Mas é claro que é mais um modismo seguido cegamente por nossa elite amacaquiada, que tudo copia do estrangeiro superior (antes a França, hoje os EUA) sem nem questionar ou deferir breve reflexão, naquela ãncia de mostrar serviço a qualquer custo, o intuito de reconhecimento e/ou promoção, tenho certeza.
Após a eleição de Barak Obama, muitos destes “doutos” das comunicacionais que deve fazer parte do séquito do ex-torneiro mecânico e hoje presidente do Brasil varonil, acharam que parte do sucesso do americano do Havaí fora o fato dele ter usado com mais intensidade e abrangência este meio para ganhar as mentes e os corações dos estadunidenses.
Esquecem que o fundamento deste sucesso estava na equipe jovem (Adam Frankel, 26 anos e Ben Rhodes, 30 anos) que assessorava o candidato, e que teve como maior exemplo o redator de 27 anos Jon Favreau , responsáveis pelos flamejantes discursos do mais peculiar presidente da historia americana.