O
mundo não acabou, mas a tal previsão maia serviu pra boa parte da mídia ter o
que falar neste período de fim de ano onde as notícias ficam escassas em vários
temas habituais da sociedade. E serviu também pra mim lembrar da primeira vez
que
eu ouvi falar e entendi o significado de um suposto Fim
do
Mundo
Sou de família religiosa,
evangélica, mas não neopentecostal, menos radical, menos sectária… Nem por isso
fiquei livre do infortúnio de ter que receber quando criança a “grata” notícia
inverídica de que o mundo iria acabar no ano 2000. Como criança acredita em
tudo que lhe é dito - principalmente por um adulto, fiquei decepcionado e
assombrado, logo em minha mente veio imagens de cataclismos e lugares
desolados, fruto da visão de filmes catástrofes da época que retratava esse
fenômeno de destruição mundial como o resultado de uma possível guerra nuclear,
algo ainda presente nos anos 1980 devido a União Soviética ainda existir,
apesar de estar em pleno processo de abertura capitalista o bloco comunista ainda
travava com os EUA a tal da Guerra Fria.
Após essas imagens traumáticas de
destruição povoar minha mente e perturbar meu espírito, tratei imediatamente de
formular em minha cachola como me livraria desta hecatombe. Na minha imaginação
de menino veio de imediato a possibilidade de fugir do apocalipse num foguete,
ir pro espaço sideral e de lá esperar a poeira baixar pra retornar a terra são
e salvo (se eu fosse minimamente racional não quereria jamais voltar e ter o
trabalho enorme de viver num mundo onde outros não produzisse toda a gama de
necessidades que um ser humano precisa pra se manter).
Quanta ingenuidade! A mente sempre
encontra mecanismos de defesa, seja lá o que lhe ameaça, e isso está mais
presente quando somos inocentes... mas também quando crescemos, basta notar as
desculpas que nós adultos inventamos para não resolver aquele problema, pra ir
no médico fazer uma consulta sobre aquela dor permanente, ou mesmo desligar um
pouco a TV e o radio e ler menos periódicos que trazem em letras garrafais
lorotas como essa de que o mundo irá acabar.
Nesses “possíveis” dias
derradeiros da humanidade sobre o planeta Terra me veio a mente não o que
ocorreria no fatídico dia 21 de dezembro de 2012, mas o que eu deixei de fazer
pra ser menos rígido, mais integrado ao todo e relaxado em relação a existência
e seu incessante e eterno fluxo mutacional. Apesar de saber que a única coisa
certa na vida é que tudo passa por mudanças, sempre me pego em dúvida em relação
os caminhos que a vocação nos orienta seguir, temendo infortúnios nas escolhas
profissionais e pendendo pra atividades que podem vim a trazer “segurança”, mas
jamais satisfação pessoal e alegria no coração.
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