Por trás dos avisos de precaução
no uso da tecnologia (tecnofóbicos) e o discurso de redenção da humanidade pela
técnica cientifica (tecnotópicos) há o claro desejo de aproveitar os movimentos
de virada social que sempre ocorre nos momentos de mudança provocado pela
evolução tecnológica, algo bem evidente nos dias de hoje. Isso pode ser
observado não apenas nos trabalhadores quebrando as maquinas por considerarem
um perigo aos seus rendimentos salariais, mas também nos padres e outro tipo de
religiosos que quando da invenção do trem falaram que o mesmo levaria as
pessoas que nele entrasse para o inferno, que o trem partiria naquela estação
onde os passageiros estavam embarcando mas eles desembarcariam no reino do
capeta, pois os líderes de igreja alegavam que a máquina era coisa do diabo. E
também não podemos deixar de mencionar as intenções daqueles que querem fazer
uma nova sociedade tecnologicamente hiper-desenvolvida ou mesmo hiper-evoluída
através tão somente do desenvolvimento de qualquer técnica ou cientificismo,
alegando que a evolução da humanidade se deu tão somente por parte disso. Tanto
os entusiastas como os refratários à evolução da tecnologia tentam de uma forma
ou de outra colocar a questão apenas em termos mecânicos, esquecendo que por
trás de toda máquina há um ser-humano e este é o responsável.
A
Responsabilidade é que é a grande questão por trás de previsões e
posicionamentos radicais em relação à tecnologia. Antes de qualquer invento ou
uso de uma aplicação técnica há por trás um ser-humano, e nele há uma
consciência. É o estado da consciência do ser humano – ou a falta dela, que irá
determinar a finalidade do uso de qualquer tecnologia. Não importa a quantidade
de coisas, maquinas e robôs tal sociedade disponha, sua intenção anterior é
mais relevante.
Nesse
debate devemos estabelecer um parâmetro que determina totalmente se o uso da
tecnologia pode ou não ser benéfico para a sociedade. Este parâmetro considera
que pobreza é o único e real problema na sociedade e dele deriva todos os
outros. Assim podemos considerar que o uso da tecnologia só será benéfico à
sociedade se ela trouxer bem-estar a todas as pessoas, e no contexto atual
todas as pessoas é todas as pessoas do mundo inteiro. A partir do momento que
se aceita esta diretriz se estabelece automaticamente que qualquer coisa a ser
construída, erguida, inovada, evoluída será feito para proporcionar o bem-estar
aos seres humanos de todo o mundo, daí fica praticamente impossível continuar a
evolução tecnológica tal qual ela se deu ao longo da Historia.
Como bem
sabemos foram os reinos, os condados, os impérios, os governos, os estados que
investiram e mais investem no desenvolvimento tecnológico, e sua principal
finalidade sempre foi a proteção territorial, a conquista territorial, a
rapinagem, a invasão... a guerra. Não apenas o desenvolvimento da informática e
das telecomunicações que deram origem à internet, mas praticamente todo os
outros setores da vida moderna tem como nascedouro pesquisas e desenvolvimento
de coisas (geralmente armas e veículos para transportá-las) para finalidade
militar. Para isso basta considerar os grandes cérebros a serviço de objetivos
bélicos (Leonardo da Vinci, Albert Einstein, etc.) temos um quadro bem
delineado sobre o real processo de desenvolvimento tecnológico da humanidade
até então.
Considerando
esta nova diretriz para o desenvolvimento tecnológico a questão bélica fica
impraticável, e assim sendo só resta usar o que temos e o que podemos aperfeiçoar
para eliminar nosso único real problema, a pobreza. Ora, pobreza não é uma
questão tecnológica, mas antes de tudo de estado de espírito, ela não pode ser
medido por quantidade de coisa que alguém ou outrem possua, mas sim como alguém
se sente em relação à vida, em relação a si mesmo e ao meio-ambiente. A vida
precisa ser considerada em seu aspecto integral.
Se
todas as pessoas começasse a considerar que a vida precisa ser vivida de
maneira integral certamente teríamos uma mudança radical na sociedade, tendo em
vista que um dos fatores que torna a sociedade postada como ela está é
exatamente o contrário. Desintegração, desequilíbrio, conflitos de toda espécie
marcam a vida das pessoas, e pra chegarmos a essa conclusão não cabe apresentar
dados sobre algo tão evidente. Ou seja: é uma questão de consciência, de
desenvolvimento pessoal integral.
Tecnotópicos
e tecnofóbicos fazem parte do mesmo grupo por desconsiderar a consciência
humana o real motivo do estabelecimento da dicotomia, se o sujeito está em
conflito, se está dicotômico tudo que ele ver, considera ou realiza é a
manifestação de seu estado mental, de sua consciência. Alguém pode pegar uma pá
e utilizá-la para cavar as fundações de uma casa, mas o mesmo pode utilizá-la
para agredir alguém. Os Tecnotópicos acham que ele irá sempre utilizar da
primeira maneira, já os Tecnofóbicos acham que o mundo vai acabar com o uso
constante e crescente da segunda maneira. Ora, depende da situação, pois talvez
às vezes precisamos nos defender e usamos o que temos em mão. A questão é
sempre de está consciente no uso das coisas e ter como diretriz um bem comum. A
sociedade como um todo não treina pessoas para um bem comum, treinam para serem
competitivas, para ter sua vaga no mercado de trabalho, pra ter uma nota pra
passar de ano, pra ter um salário que possa comprar muitas coisas que a
publicidade insiste de maneira sutil e implacável que precisamos obter custe o
que custar, etc. Segundo esses valores e discurso no qual estamos submetidos
desde criança a pobreza não é o real e único problema, mas ter coisas,
acumular, competir e rivalizar é o norte a se chegar.
É fácil
concluir que há um incentivo à excitação, uma carga que nos obriga a conseguir,
a ganhar algo que vá alem, claro, de uma mera satisfação das coisas imediatas,
o básico para assim não sofrer das necessidades imediatas, que é o que podemos
considerar como pobreza. Neste esquema temos o ambiente social do nosso mundo,
e por ele não considerar a pobreza como único problema a ser resolvido e
incentivar um desequilíbrio mental nas pessoas é evidente que seu foco sobre as
coisas (tecnologias e ciência) terá uma visão dicotômica, e essa dicotomia não
significa que um lado está certo e o outro errado. Ele apenas indica o nosso
estado mental de inconsciência, porque é muito fácil perceber que não
chegaremos a lugar nenhum pelo uso constante de tecnologia (utopia) e nem pelo
receio com o mesmo (fobia) vamos todos nos arrebentar num futuro próximo. O
resultado do uso que fazemos dos instrumentos – seja ele elétrico ou mecânico,
será o que o nos moveu antes de tocarmos a mão. É tudo uma questão de
responsabilidade, e responsabilidade só existe quando há consciência.
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