sábado, 9 de outubro de 2010

ANÁLISE DA FOTOGRAFIA e PITADAS CRÍTICAS À "CIDADE DOS SONHOS" (Mulholland Drive)

No processo de encobrir o que é sonho e o que é realidade, o diretor David Lynch usa de alguns procedimentos bastante comuns em filmes que combina os gêneros suspense e mistério, tais quais a câmara sobre o ombro do operador para simular o ponto de vista do ator (Câmara subjetiva), uso das lentes para produzir bastante desfoque (óbvio para um enredo que inicia-se com alguém sem memória) e a cor forte (vermelho ou azul) em objetos chaves para a solução do mistério.

A iluminação é basicamente naturalista com alguns momentos de estilização, como nos planos do escritório de um velho que tem ao lado uma espécie de mordomo, onde a luz dos refletores está cortada por bandôs para iluminar exatamente pontos específicos (a cortina vermelha, por exemplo); no início quando vemos a simulação da luz da lua feito com um forte azul atrás de um conjunto de árvores; na cena que ocorre no teatro e também nas cenas mais terríveis onde prevalece o escuro, baixa intensidade da luz e geralmente o uso de apenas um refletor, a tal da luz de preenchimento. 

       O filme tem essa relação de iluminação que reflete o dia-a-dia padrão/normal/convencional e uma outra que nos remete ao mundo dos sonhos, do delírio, de um estado alterado de consciência, algo típico de uma mente que sentencia: “nós vivemos num mundo escuro e cheio de problemas” (fala extraída de uma entrevista do cineasta americano para uma rede de TV brasileira). Toda a força do filme está na trama e nesses elementos estéticos como a fotografia, a arte, a trilha-sonora, etc.; ele não traz nenhum valor, um filme oco, sem nada dentro, sem conteúdo que produza significados ou resignifique algo, nem mesmo os elementos estéticos que são trabalhados, pois todos são típicos dos gêneros já mencionados.