segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A TEORIA DO PONTO E VÍRGULA



Qual será a outra língua no mundo que há esta pausa tão distinta e miraculosa? afinal de contas o “ponto e vírgula” não encerra o período, a frase ou a oração de um pensamento, mas também não é uma pausa simples como a vírgula, ela tem uma duração um pouco maior. É diferente. É estranho.

Já li alguma coisa sobre o ponto e vírgula em gramáticas. Mas o que me importa aqui é este lado místico do sinal, no qual eu creio que é uma exclusividade da língua portuguesa, mais uma peculiaridade de sua estrutura, algo que deve está intrinsecamente relacionado com a cultura lusitana, na qual herdamos também.

Já ouvi falar que os portugueses sempre foram um povo, digamos… permissível… talvez maleável. Certamente não tão maleável como o brasileiro – de onde vem nossa vantagem de se adaptar tanto entre gregos como troianos, mas suficientemente maleável ao ponto de está com atitudes mais próxima do oriente do que do ocidente, ser mais exotérico do que racional.

Parece que entre os outros povos as coisas e as idéias são mais diretas: ou é sim, ou é não; pronto, acabou. Não tem essa disso poder ser aquilo ou vice-versa; nani, nani, nani! O preto é preto, e o branco é branco, mas por aqui existe algo como o pardo. “pardo”?! que lugar do mundo tem essa cor?! Só aqui mesmo no Brasil. Bem, mas o assunto não é o Brasil, o lance é a língua portuguesa e o seu miraculoso “ponto e vírgula”.

Nesta noite me veio isso sei lá por que?!? O “ponto e vírgula” me pareceu mais prosaico do que de costume, e olha que praticamente eu não o uso. Me lembro agora que quando estava começando a me familiarizar com a leitura li em algum lugar que este sinal era complexo demais para ficar se usando indiscriminadamente, daí que brochei com ele. Mas sabe, ele anda me atraindo muito nos trabalhos que venho desenvolvendo, nas historias que venho escrevendo, e até nos sonhos que venho tendo. É estranho, mas o ponto e vírgula está cada dia mais presente, vibrando intensamente, ofuscando minha mente, como que querendo quebrar a casca do ovo e sair para do casulo, ver a luz, nascer…

Eu em!… Eu tô é ficando doido!
Mas não é mesmo estranho este sinal de nossa língua-mãe? O ponto e virgula é uma espécie de meio termo, uma pausa com um tempo próprio. Ele pede que paremos um pouco- não o suficiente para uma respiração, mas suficinete para… porque logo a idéia terá continuidade e daí haverá a conclusão… ou não. Talvez seja um elemento da língua próprio para confundir, esta pausa maior que a vírgula que também não é um ponto – e por isso mesmo não encerra nada, talvez seja um caprichoso elemento de confusão, de embaralhamento das coisas, algo típico da cultura lusitana – e também brasileira, na qual não se deve ser rigido demais numa posição, apesar de tê-la, promovê-la e professá-la. É a ambigüidade. Acho que é isso, o ponto e virgula é um sinal de AMBIGUIDADE. E é também um sinal dos tempos, o sujeito que começa ter a idéia fixa de usá-lo, precisa de tratamento.

Deve ser por isso que um dia alguém falou: não queira saber tudo, é perigoso.